Opinião GP: Decadência da Sauber em 2016 compromete sequência da carreira de Nasr na F1

A segunda temporada de Felipe Nasr tem sido sofrível. Muito mais pela falta de dinheiro e desempenho do carro da Sauber do que propriamente pelo potencial do brasileiro. Contudo, em situações semelhantes, muitos pilotos com talento simplesmente foram rejeitados pela F1. Um exemplo não muito distante atende hoje pelo nome de Lucas Di Grassi, atualmente o melhor brasileiro em atividade no automobilismo mundial

Quando Felipe Nasr fez sua estreia na F1, com a Sauber, em 15 de março de 2015, a impressão deixada foi a melhor possível. Afinal, ainda que o quinto lugar no GP da Austrália tenha sido de fato um resultado pra lá de atípico, mostrou o início da carreira de um brasileiro com um futuro teoricamente muito promissor no Mundial. Mas daquele dia em diante, muita coisa mudou para o brasiliense de 23 anos. 
 
Embora tenha adquirido a maturidade que só os tempos difíceis são capazes de trazer, a falta de performance e a crise financeira da Sauber têm prejudicado a trajetória de Felipe e, levando em conta que 2017 será um ano de muitas trocas de piloto nas equipes, não é exagero dizer que a sequência da sua carreira começa a ficar comprometida.
 
Ainda em 2015, Nasr teve na Rússia sua segunda melhor performance no ano em que estreou na F1, cruzando a linha de chegada em sexto lugar. No seu retorno a Sóchi, contudo, o jovem teve de encarar uma realidade muito mais cruel: mesmo com o chassi novo que a Sauber disponibilizou no último fim de semana, Felipe não vislumbra a menor chance de melhora em curto prazo.
Sem contar com o melhor desempenho da Sauber, Felipe Nasr enfrenta momento delicado na F1 (Foto: Getty Images)
Em quatro corridas na temporada 2016, Felipe ficou muito longe de ser competitivo. Seu melhor grid de largada foi o paupérrimo 16º na China, enquanto o melhor resultado em corrida foi o 14º no Bahrein. Em Sóchi, Nasr terminou em 16º numa prova cheia de problemas, como um pneu furado e 5s de punição, mas acabou sendo focalizado pelas câmeras quando disputou posição com Pascal Wehrlein, da Manor, equipe que luta com o time suíço pelo posto de pior equipe da F1 atual.
 
No comparativo de desempenho com seu companheiro de equipe, o fraco Marcus Ericsson, os números são bem desfavoráveis ao brasileiro. O placar em classificações aponta 3 x 1 para o sueco. Já em corrida, desconsiderando a prova onde Ericsson abandonou, na Austrália, o confronto direto também é favorável ao nórdico, que finalizou todas as outras três disputas à frente de Nasr.
 
Em que pese a falta de desempenho do C35 e a crise financeira sem fim da Sauber, as deficiências evidenciadas pelo time suíço atrapalham demais a carreira de Felipe. O brasileiro, é bom que se diga, está longe de ser um piloto ruim. Também não dá para coloca-lo no patamar de estrelas da nova geração, como Stoffel Vandoorne e o próprio Wehrlein, por exemplo, mas trata-se de um competidor de qualidade bastante razoável. Seu retrospecto, sobretudo nas categorias de base, diz isso.
 
Seu principal título na carreira foi a conquista da F3 Inglesa em 2011, derrotando Kevin Magnussen, seu rival mais ferrenho à época. Na GP2, se não chegou a brilhar, também não comprometeu, desencantando em 2014, quando terminou em terceiro lugar e quatro vitórias, sendo batido pelo campeão Jolyon Palmer — atual companheiro de equipe de Magnussen na Renault — e Vandoorne. Até que, com uma grande força do patrocínio do Banco do Brasil, Nasr foi alçado ao grid da F1 depois de ter feito bom trabalho como reserva da Williams. Tudo indicava que, se mantivesse uma forma aceitável, Felipe seria candidato natural a uma vaga no time de Grove em 2017.
O C35 vem apresentando um desempenho medíocre neste começo de temporada (Foto: Getty Images)
Mas tudo parece conspirar contra o brasiliense. Seja o desempenho medíocre do C35, o melhor momento de Marcus Ericsson, a falta de dinheiro do time de Hinwil para investir em atualizações e melhorias para a sequência do campeonato e mesmo o avanço das outras equipes do fim do pelotão, como a Manor. Assim, Nasr vive seu momento mais delicado desde quando estreou na F1.
 
Muito se questiona se sua permanência na Sauber neste ano foi um bom negócio ou não. Claro que é sempre melhor, ainda mais no mundo da F1, ‘ver e ser visto’, mas ficar num time incapaz de ajuda-lo a mostrar um bom trabalho não parece ser mesmo a melhor alternativa. Ainda mais quando se leva em conta o quanto a F1 é dura com quem não consegue ser competitivo.
 
Um exemplo disso, não muito distante, está na figura de Lucas Di Grassi. Em 2010, o brasileiro, depois de fazer boas campanhas nas categorias de base e figurar no programa de desenvolvimento da Renault, foi alçado ao grid da F1 como piloto da Virgin, que chegou ao esporte depois de ter ‘arrendado’ a Manor. 
Felipe Nasr não é gênio, mas também está bem longe de ser um piloto ruim. Muito pelo ao contrário (Foto: Getty Images)
Novata à época, a escuderia de propriedade de Richard Branson engatinhava na F1, e por mais que contasse com pilotos de muito talento, como Di Grassi e Timo Glock, não conseguiu apresentar resultados convincentes em momento algum, além de deixar o brasileiro a pé várias vezes por conta de problemas de todo o tipo com o carro.
 
A carreira de Di Grassi na F1 durou somente aquela temporada. Mas nem por isso foi o fim, pelo contrário. Lucas renasceu para o esporte ao ser alçado ao posto de piloto titular da Audi no cada vez mais cobiçado Mundial de Endurance. De quebra, a partir de 2014, o brasileiro passou a fazer parte do grid da revolucionária F-E, também representando a marca das quatro argolas por meio da equipe Abt. E foi aí que Lucas vem se consagrando, a ponto de se tornar o melhor piloto brasileiro da atualidade.
 
Da mesma forma, jamais se discute o talento de Nasr por tudo o que ele já fez no automobilismo, sobretudo nas categorias de base. Mas sem conseguir mostrar o que pode, o piloto vai tendo, cada vez mais, as portas fechadas para mudar de equipe em 2017, por mais que tenha ao seu lado um patrocínio de respeito. 
Lucas Di Grassi não teve muita chance de mostrar seu potencial na F1. Mas hoje brilha na F-E (Foto: Getty Images)
Mas ainda que Nasr não tenha mais espaço na F1 depois de todas as dificuldades vividas neste ano, mesmo assim não será o fim da linha. O automobilismo oferece grandes alternativas para um piloto de alto nível dar sequência à carreira sem estar necessariamente na F1. Aí está Pipo Derani para comprovar a máxima, além do próprio Di Grassi, para ficar nos exemplos mais recentes e relevantes.
 
Definitivamente, os próximos meses serão determinantes para determinar o futuro da carreira de Felipe Nasr na F1.

Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.

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