Coluna Becketts, por Hugo Becker: Acorda, Rosberg

Hamilton já tem o domínio da temporada. Para o azar de Nico, não erra mais como errava antes, não comete excessos e está concentradíssimo, guiando de maneira arrojada e realmente irretocável. Assumir a liderança, que ainda é de Rosberg, é questão de tempo. E não vai bastar ao alemão a toada minimalista de regularidade e corrida por resultados o ano todo: se ficar nessa, vai levar um banho memorável

Chegamos todos ao fim da primeira ‘fase asiática’ da F1 com uma certeza: a Mercedes será campeã de tudo em 2014. Depois de quatro poles, quatro vitórias e quatro voltas mais rápidas em quatro corridas, não dá para imaginar, por exemplo, que Fernando Alonso ou Sebastian Vettel sejam campeões. Não serão. Quando Ferrari e Red Bull acordarem, o título já será ou de Lewis Hamilton, ou de Nico Rosberg.
 
Claro que não é preciso ser nenhum grande gênio para concluir isso. Mais do que os números em si, o desempenho visto por quem ligou a TV nas madrugadas/manhãs deste início de Mundial foi desbundante: os carros da Mercedes são, sem absolutamente nenhum esforço, 1s mais velozes que o carro mais próximo – este, uma incógnita: Force India, Ferrari, McLaren e Red Bull já se revezaram neste posto.
 
Juntando a supremacia monstruosa dos prateados com uma indefinição ainda arrastada sobre quem é a segunda força da temporada, a conclusão é a de que a disputa deste ano só não será enfadonha e aborrecida se Rosberg tiver capacidade para frear este Hamilton inspirado que, quando focado, se mostra imbatível.
 
Coragem para enfrentá-lo, o alemão já mostrou que tem – o GP do Bahrein mostra claramente isso. A questão é menos psicológica e mais técnica: se Nico tem o emocional preparado para embates com seu parceiro de time, a velocidade de ambos não se equivale. Lewis é amplamente mais veloz. Independente do estilo de pilotagem, o inglês se sobrepõe com tanta facilidade que conseguiu vantagens muito expressivas sobre Rosberg nos GPs da Malásia e da China. Na Austrália, o britânico abandonou a prova. O único embate real e equilibrado de fato foi em Sakhir, mascarado por uma estratégia meio desastrada da Mercedes para o (ainda) vice-líder do campeonato.
 
Hamilton já tem o domínio da temporada. Para o azar de Nico, não erra mais como errava antes, não comete excessos e está concentradíssimo, guiando de maneira arrojada e realmente irretocável. Assumir a liderança, que ainda é de Rosberg, é questão de tempo. E não vai bastar ao alemão a toada minimalista de regularidade e corrida por resultados o ano todo: se ficar nessa, vai levar um banho memorável.

É neste momento que o piloto campeão se revela: será preciso ter a percepção exata do momento de tomar a atitude que intimidará o inglês e o fará oscilar na certeza de seu novo reinado. Muitas vezes falha: inferiorizado por um mau início de campeonato, Ayrton Senna quebrou um acordo de cavalheiros que tinha com Alain Prost no GP de San Marino de 1989, ultrapassou o francês na relargada da corrida e venceu a prova. Perdeu o campeonato e explodiu uma bomba dentro da McLaren, mas mostrou espírito de combate e endureceu a disputa até o polêmico incidente no GP do Japão.

 
Falhando ou acertando, se não mostrar combatividade e continuar direcionando suas atuações pensando apenas em resultados efetivos, Nico vai ver o bonde do título passar muito, muito longe  mas extremamente perto: bem nos boxes ao lado. 
 
2005 = 2014
 
Um campeonato que começou com uma nova equipe no domínio depois de quatro anos de hegemonia total de outro time liderado por um craque alemão multicampeão. O Mundial de 2005 tem enormes semelhanças com o deste ano. Michael Schumacher e a Ferrari formavam o conjunto a ser batido. Aí a Renault apareceu com um foguete chamado R25 e fez o que quis nas quatro primeiras provas do ano. A primeira, na Austrália, foi vencida por Giancarlo Fisichella. As três seguintes – Malásia, Bahrein e San Marino –, por Alonso, que terminou o ano como campeão. O resto é história.
 
1991 = 2014
 
Os anos passam, gerações mudam, mas a Williams não aprende a fazer pit-stops decentes para seus pilotos. Pobre Felipe Massa, pobre Nigel Mansell
 
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