Coluna Apex, por André Jung: Alerta amarelo

O passeio de Lewis Hamilton foi tamanho que seu carro quase não foi mostrado – um contrassenso comercial – e, embora o inglês tenha sido fabuloso nos treinos e impecável na corrida, fico com Fernando Alonso como grande nome do final de semana da F1 na China

Essa pista da China é daquelas coisas malucas: está mais do que na cara que o povo local não está nem aí com automobilismo e, como quase não tem corridas ali, a cada vez que a categoria baixa por lá, encontra uma pista suja e sem aderência. Na nova dinâmica do capitalismo mundial, a China é protagonista; ainda assim não é nada fácil entender porque Bernie Ecclestone resolveu por a F1 pra correr por lá.
 
O passeio de Lewis Hamilton foi tamanho que seu carro quase não foi mostrado – um contrassenso comercial – e. embora o inglês tenha sido fabuloso nos treinos e impecável na corrida, fico com Fernando Alonso como grande nome do final de semana.
 
Poucos dias depois do fiasco histórico na Malásia, o espanhol voltou a sua rotina de tirar leite de pedra. Embalado com novos componentes aerodinâmicos e um motor com um pouco mais de potência, Alonso pilotou o fino pra voltar ao pódio. O baile que ele vem dando em Räikkönen deve estar doendo na cabeça e no bolso da direção em Maranello.
 
O finlandês, contratado a peso de ouro, tem tido resultados inferiores aos que Felipe Massa produzia. Diante da imensa pressão da torcida ferrarista, Alonso se sobrepõe e, a continuar assim, vai receber a prioridade dos seus chefes.

Ilustração: Marta Oliveira

É verdade que, ficando na Lotus, Räikkönen estaria bem pior, o que pode aliviar um pouco a sensação de roubada que seu atual estágio na Ferrari poderia supor. Mas roubada mesmo quem está enfrentando é Adrian Sutil, com uma Sauber capenga e sem dinheiro. O calvário do alemão não termina, e na China sua corrida encerrou logo na primeira volta.
 
Nas equipes rubro-taurinas, a coisa está engraçada: no time de baixo, o novato Daniil Kvyat não para de humilhar seu (bom) companheiro de equipe. Um garoto que fala como um veterano enquanto aprende as pistas e todos os macetes dos F1. Vergne ainda treinou forte para colocar seu Toro Rosso no Q3, mas sua largada foi um lixo e, ao final da corrida, assistiu ao russo pontuar novamente – pela terceira vez em quatro corridas!
 
Na equipe de cima, Vettel passa a ter de conviver com o desconforto de, multicampeão mundial, ser superado por outro jovem que tem ido muito além de qualquer expectativa. Daniel Ricciardo tem pilotado com extrema segurança, sendo constantemente mais rápido do que seu experiente companheiro, o dominador dos últimos quatro mundiais.
 
Massa tem razões para estar bem cabreiro com a Williams. Ok, na estréia, Koba-san o alijou da corrida sem que alguém pudesse ser responsabilizado; na prova seguinte, a equipe fez aquela lambança ao microfone que ainda está dando o que falar; em seguida, um resultado aquém do esperado no Bahrein graças à inoportuna entrada do safety-car; e agora uma lambança na primeira parada. Um saco de pontos desperdiçados pelo caminho. Da China, valeu constatar que o carro já não sofre tanto quando chove.
 
Mas é lá, no obscuro fundo do grid, onde uma das disputas mais encarniçadas acontece. Longe dos holofotes, Caterham e Marussia, a cada corrida, travam um duelo a parte para ver quem não fica em último lugar no campeonato de Construtores. Dessa vez, Kobayashi acabou sacaneado pelo comissário de prova, que louco para ir pra casa comer um shop suey, antecipou a bandeirada em dois giros fazendo com que o pega da última volta – uma brilhante manobra do Mito sobre Jules Bianchi – de nada valesse.
 
A polêmica do som dos motores arrefeceu. Sem argumentos para questionar a FIA, restou a Montezemolo intervir na sua equipe mesmo: mandou Domenicali passar la domenica em casa e promoveu um jovem e bem sucedido executivo ferrarista, uma aposta que já deu certo na F1 em outras oportunidades.
 
A Ferrari e a Red Bull são os times que ainda podem provocar alguma competição com a Mercedes. É muito importante que eles evoluam, caso contrário, vamos depender de Lewis Hamilton conceder oportunidades a Rosberg, uma vez que em condições normais, o inglês deve continuar a superar o alemão.
 
Assim, as fofocas de bastidores, enfocando (enfofocando?) os conflitos internos na Ferrari, Red Bull e outras, devem ser boa alternativa para quem tem de escrever sobre o campeonato.
 
Enquanto isso…
 
…o pulo do gato do motor Mercedes, ao separar a turbina do compressor, ainda deve estar reverberando na cabeça dos engenheiros de Renault e Ferrari…
 
…mesmo assim, a McLaren, que saiu da primeira corrida com a liderança do mundial de Construtores, despenca na tabela…
 
…um quadro agravado pelo fato de ela ser a mais lenta entre os quatro times que usam o propulsor dos alemães…
 
…sem um patrocinador principal, e dependendo muito da renovada parceria com a Honda, o grande time inglês corre risco de deixar de ser de ponta.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.