Após quase largar carreira em 2011, Razia sofre ‘tombo duro’ com Marussia, mas garante: "Não é o fim"

Tomado pelo revés que o deixou desempregado na última sexta-feira (1), Luiz Razia avisa que não vai desistir da F1: “Não quero que essa dificuldade me faça cair como caí em 2011”

Luiz Razia e seus números enquanto titular da Marussia (Arte: Bruno Mantovani)

Ainda tomado pelo susto do desemprego, Luiz Razia admitiu que está “sem ideia do que é melhor” para seu futuro no automobilismo. “E vou ter de pedir muito conselho para as pessoas para ver o que me beneficiaria, mas estou motivado para conseguir voltar”, declarou. “Acho que muitas pessoas não veem o que eu vejo, não têm a mesma crença que eu tenho, ou a força de vontade que tenho, mas eu quero conseguir estar na F1 de novo. Até duas semanas atrás, eu estava, então não é agora que eu vou desistir.”

O cenário ainda é mais complicado ao observar que “as categorias em que poderia ingressar já começaram suas atividades”. “Se eu quisesse andar em algum carro, eu queria disputar pelo menos o pódio. E para entrar em uma equipe que não me dê essas condições, não vale a pena porque não vou poder desenvolver bons resultados”, disse.

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A questão é o asterisco e a mancha que o calote da F1 vão deixar no currículo. Mas Razia minimizou. “Isso só vai atrapalhar se eu não tiver uma boa empresa atrás de mim. Agora, a gente precisa ter bons patrocinadores para que isso seja descartado”, relativizou. “Se eu tivesse, por exemplo, uma AmBev, uma Petrobras, uma empresa forte, não haveria mais nenhuma dúvida sobre mim. É o caso de a gente conseguir pessoas de nome e de peso.”

O revés com a Marussia acabou sendo visto como mais um aprendizado, o que levou Razia a desvelar que a carreira de piloto esteve perto do fim há pouco tempo. “Eu tive uma lição em 2011 que eu quase parei de correr, até por um fato de confiança e autoestima, e reganhei de volta e vi que vale a pena passar por dificuldades e que a gente aprende e que passa por uma jornada que faz a gente crescer como pessoa. E não quero que essa dificuldade me faça cair como caí em 2011.”

Para o piloto, “todo mundo passa por esse tipo de coisa na vida, e a gente pensa se foi um erro ter feito isso ou aquilo”. “Eu acabei aprendendo que não existem erros, mas aprendizados”, e na leva, aí veio a confissão de que algo evidentemente não saiu certo. “Veio uma lição da maneira mais difícil de aprender para mostrar a parte onde a gente errou, o que não cumpriu e o plano B que não preparou. Em 2011, eu realmente estava prestes a parar – tinha até me inscrito na universidade –, e a vida me deu um tapa para mostrar que eu precisava acreditar e ter garra. E em 2012, estava numa equipe que não tinha condições de disputar vitórias e quase foi campeã, a Arden, e isso me deu uma nova perspectiva de como levar as coisas. O tombo que estou levando é duro, não é fácil, mas não é o fim”, comentou.

A título de curiosidade, Razia deixou para trás o curso de Engenharia Mecânica, apesar de se comunicar com facilidade. “Jornalismo, eu deixo para vocês”, falou. “Eu não sou muito parcial. Acho que não serviria para ser jornalista porque eu gosto de torcer. Eu gosto muito do Brasil, então não seria muito bom para ser imparcial.”

Razia foi trocado por Jules Bianchi ainda na sexta-feira (1) (Arte: Bruno Mantovani)

O que fica, por enquanto, de gosto para Razia são dois dias de testes com o carro rubronegro. Que, segundo o brasileiro, “tem potencial para bater a Caterham, que não vai desenvolver muito neste ano porque está olhando muito para 2014, quando vai ter uma mudança muito grande”. “A Caterham acha que vai dar o grande salto no ano que vem e vão concentrar nisso. Já a Marussia, que está com o Pat Symonds, muito experiente, mais de 30 anos na F1, vai aproveitar as oportunidades que tem na mão, principalmente com a McLaren. Eu estive no simulador, inclusive, e foi um dia muito legal para mim, e vi que eles estão determinados a colocar várias atualizações no carro. Mas esse é o limite. Ultrapassar a Caterham é uma realidade, mas para por aí”, admitiu.

Também fica a gratidão por uma equipe que procurou ajudar o quanto pôde. “Eu não tenho nada a reclamar, não. Eles me deram a oportunidade – tinham o próprio Bianchi para escolher antes, outros pilotos na lista – com aquilo que a gente tinha”, avaliou Luiz. “A gente assinou o contrato e começou a trabalhar junto, e desde o começo sempre me trataram bem. A parte de engenharia adorou o meu trabalho e eu estava me sentindo muito bem com eles. Não tenho por que sentir qualquer rancor.”

Se Razia bateu tanto na tecla de que tudo é aprendizado e lição, entendeu bem que “essa é a natureza da categoria”. “Tem um ditado que fala para não odiar o jogador, mas para odiar o jogo. O jogo é a F1, não sou eu nem a equipe.”

E se o jogo segue e realmente não é o fim, para Razia está tudo bem.

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