Análise: Rosberg vê no Japão nova Mônaco sob olhares do que pode armar para vencer

Com toda a pressão nos ombros, Nico Rosberg se vê em uma fase decisiva da disputa pelo título, depois dos erros em Monza e do abandono em Cingapura. Com a dura tarefa de não deixar Lewis Hamilton escapar na ponta, precisa reverter o jogo em Suzuka tal qual em Monte Carlo. Só que qualquer movimento estranho será visto com desconfiança pelo que vez em Spa-Francorchamps

Depois de liderar grande parte da temporada 2014 e exibir uma acachapante regularidade, Nico Rosberg agora carrega nos ombros toda a pressão da disputa pelo título contra o parceiro de Mercedes, Lewis Hamilton, especialmente depois do episódio do toque em Spa-Francorchamps, dos erros em Monza e do abandono ainda mal explicado em Cingapura. Neste tempo, o alemão viu o rival Hamilton, outrora 29 pontos atrás e em meio ao uma sucessão infortúnios, vencer com autoridade as últimas duas corridas e ainda assumir a liderança do Mundial, restando cinco provas para o fim.
 
Não é a primeira vez que o filho de Keke fica atrás nos pontos. Depois de vencer na Austrália, Nico acompanhou firme a sequência de vitórias de Hamilton entre os GPs do Bahrein e da Espanha, encarou o rival sempre que exigido e mostrou grande força mental. Não cometeu erros e foi somando pontos importantes, fazendo da constância sua principal arma. Rosberg terminou todas as provas na segunda colocação, o que o pôs em uma posição forte quando a F1 chegou a Mônaco, já sendo liderada por Lewis.
 
Tudo ainda estava sob controle, entretanto. Um triunfo já o recolocaria na frente do companheiro. E foi o que aconteceu nas ruas do Principado. Antes, porém, os dois viveram o primeiro grande conflito, por conta do erro de Nico na fase final da classificação em Monte Carlo, que impediu Hamilton de tentar a pole, que acabou nas mãos do alemão.
A rivalidade entre Hamilton e Rosberg começou a eclodir em Mônaco (Foto: Getty Images)
Apesar da desconfiança, inclusive do colega britânico, de ter errado propositalmente o ponto de freada na Mirabeau, o dono do #6 não sofreu qualquer punição e ainda saiu fortalecido do embate, especialmente depois da vitória dominante em Mônaco. O triunfo o devolveu a ponta, mas a relação com Lewis nunca mais foi a mesma.
 
Daí para frente, Rosberg continuou sua tocada firme e totalmente alheio aos azares do companheiro de equipe. Entre as etapas do Canadá e da Hungria — última prova antes da pausa das férias —, Nico foi o segundo em Montreal, venceu na Áustria, experimentou o primeiro abandono do ano em Silverstone, ganhou de novo na Alemanha e foi apenas o quarto em Hungaroring, corrida marcada por uma ordem frustrada da Mercedes. Como os dois estavam em estratégias diferentes, o time pediu a Hamilton que deixasse Nico passar. O inglês não acatou e terminou a prova uma posição à frente do colega. O episódio se transformou em polêmica e colocou, uma vez mais, os dois em confronto. Hamilton saiu vitorioso do embate frente a defesa que ganhou da Mercedes e da mídia pela atitude na pista.
 
Ainda assim, o piloto germânico entrou de férias com 11 pontos de vantagem para o adversário inglês.
 
Só que aí veio a segunda parte da temporada, e jogo mudou, curiosamente pelas próprias mãos de Rosberg. O polêmico toque no colega de equipe ainda na segunda volta do GP da Bélgica e, mais tarde, a admissão da responsabilidade pelo incidente colocaram Nico em uma posição de vilão. Ele foi vaiado, tomou um puxão de orelhas público da Mercedes e ainda foi punido com medidas disciplinares. Novamente, Nico saiu enfraquecido e teve de ver a ascensão do colega.
 
Na pista belga, Hamilton abandonou e Rosberg foi segundo, o que o fez abrir 29 pontos para o parceiro. Aí vieram os erros em Monza, diante das incessantes perguntas sobre a rivalidade, a postura da equipe e a sua própria na briga pelo título. Pela primeira vez, Nico acusou o golpe e admitiu a pressão. Mesmo assim, foi segundo na Itália, enquanto Lewis venceu.
O toque de Hamilton e Rosberg na Bélgica: o começo da virada a favor do inglês (Foto: Getty Images)
Em Cingapura, Nico viveu o drama da falha do sistema eletrônico no volante do carro. O problema se agravou, e o piloto não teve como continuar, protagonizando o segundo abandono do ano com um segundo triunfo consecutivo de Hamilton, que agora recuperou a liderança. E parece mais embalado do que nunca. Já Rosberg atravessa um momento inédito: o de ter de correr atrás o mais rápido possível.
 
A impressão que dá é que Hamilton é imune aos infortúnios. Toda vez que teve problemas na classificação e precisou largar do fundo do grid, andou forte e deu espetáculo. Nunca se deu por vencido, apesar da regularidade e da pilotagem fria do rival. Só que agora o jogo virou e é Nico quem precisa provar que sabe também como se recuperar, até para se impor frente à equipe. O momento ainda é do adversário, que parece ter roubado de Rosberg sua principal arma: a força mental.
 
Por tudo isso, o GP do Japão surge como uma etapa decisiva para o filho de Keke Rosberg, que tem a incômoda tarefa de não deixar o rival escapar e, ao mesmo tempo, reaver a confiança em seu desempenho. A guerra é direta e quase pessoal. Haverá polêmica como a de Monte Carlo? Nico, sabe-se, não é tão santo quanto seu ar angelical indica, e qualquer manobra suspeita vai ser amplificada. Todo e qualquer ato de Rosberg será crucial para quem já não tem em si o mesmo poder mental, tampouco conta com a confiança de qualquer um no paddock.

Acompanhe a cobertura do GP do Japão, 15º da temporada da F1, no GRANDE PRÊMIO.

As imagens da temporada 2014 de Nico Rosberg e Lewis Hamilton
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