Prévia: Porsche prova que tem carro mais rápido, mas vencer Audi não vai ser fácil

Em busca da primeira vitória nas 24 Horas de Le Mans desde 1998, a Porsche provou a todos que tem o protótipo mais veloz de Sarthe. Falta provar que também tem o mais consistente e confiável. E é por isso que não dá para descartar a Audi da briga pelo primeiro lugar. Já a Toyota precisará mostrar que não se concentrou em melhorar o ritmo de corrida à toa

Conquistar não só a pole-position, mas as três primeiras posições do grid de largada provou a todos que o carro da Porsche é o mais rápido de Le Mans em 2015. Mas, no fundo, isso não significa muito para o que a marca de Stuttgart realmente quer.

 
Serão mais de 5.000 km de corrida entre as 10h (de Brasília) de sábado e as 10h de domingo. Tempo para todos os tipos de problemas e contratempos surgirem, e é nesta hora que cada equipe realmente precisa se provar.
 
Portanto, com as montadoras já focadas no ritmo de corrida nos treinos classificatórios da quinta-feira, não se deixe enganar pelo o que a tabela de tempos indica. A Toyota, e principalmente a Audi, estão muito vivas na disputa.
Porsche crava pole para a LM24 (Foto: Arnaud Cornilleau/ACO)
Briga de irmãs
 
Assim como nas duas primeiras etapas do Mundial de Endurance, são as marcas do Grupo Volkswagen que estão se destacando em Le Mans até agora. Ambas andaram rápido na classificação de quarta-feira e começaram a pensar na corrida na quinta, especialmente no consumo de pneus e combustível.
 
A Porsche é a maior vencedora da história e retornou à LMP1 no ano passado por ver a Audi se aproximando perigosamente – já são 13 vitórias para Ingolstadt, contra 16 para Stuttgart. E a Porsche já teve um carro mais rápido que o da Audi em 2014, o que não adiantou. Neste ano, mais uma vez, a velocidade em uma volta lançada pode ser explicada pela maior potencia do sistema híbrido – 8 MJ contra 4 MJ.
 
Há um ano, a corrida foi dramática, e a Audi fez a experiência valer para conquistar a 13ª vitória em 15 anos. Essa vantagem ainda vai para o esquadrão das quatro argolas. Desde o início do ano passado, quando se acirrou demais a competição na LMP1, a operação do time vem sendo impecável. A eficiência do turbodiesel também pesa bastante. Em Silverstone e em Spa, o alto do pódio foi ocupado por André Lotterer, Marcel Fässler e Benoît Tréluyer.
 
E por mais que o R18 e-tron quattro #8 tenha sido 2s9 mais lento que o 919 #18, não se trata de uma diferença tão substancial quando se leva em conta que o traçado tem mais de 13 km de extensão. É uma disputa mais do que aberta entre seis trios de enorme capacidade.

A Audi ainda tem Lucas Di Grassi, que tenta ser o primeiro brasileiro a vencer as 24 Horas de Le Mans na classificação geral. Outra atração é Nico Hülkenberg, na Porsche, primeiro piloto em atividade na F1 a disputar Le Mans desde Sébastien Bourdais em 2009.

Depois de ter sido campeã mundial, a Toyota decidiu investir pesado para vencer em Le Mans neste ano. O ritmo de corrida será bom o bastante para compensar o desempenho mais lento na classificação? (Foto: Toyota)
A campeã mundial surpreende?
 
A Toyota vem enfrentando dificuldades tanto no WEC quanto em Le Mans. A montadora japonesa evoluiu menos que as adversárias durante o inverno e já considera mudanças mais radicais para a próxima temporada.
 
Enquanto isso, precisa se virar com o que tem para hoje. Daí a opção por sequer atacar na classificação. A desvantagem grande no tempo de volta se explica pelo fato de que os nipônicos se concentraram no ritmo de corrida e na confiabilidade, o que fez a diferença há 12 meses.
 
Mas há uma outra desvantagem: são apenas dois carros, contra os três de Porsche e Audi. A Toyota poderia ter vencido em 2014, liderou boa parte da corrida, porém sucumbiu no meio do caminho.
 
O que pode ser um trunfo: acredita-se que a Toyota é capaz fazer stints de 14 voltas, o que Audi e Porsche ainda não têm certeza. Isso lhe pouparia um tempo enorme em uma corrida de 24 horas e mais de 20 pit-stops.
Nissan #21, o azul, foi mais lento que o líder da LMP2 (Foto: Nismo)
O que vier é lucro
 
A Nissan foi mal, bem mal até o momento. Por pouco não ficou com os três carros atrás dos líderes da KCMG. Harry Tincknell, no final da terceira classificação, conseguiu a melhor volta do Nismo: 3min36s995.
 
O conceito ousado de fazer um protótipo com motor dianteiro até agora não gerou ganho algum. O Nismo é o carro mais rápido de reta, mas os pilotos vêm comentando que o desempenho nas curvas deixa muito a desejar. Fora isso, a marca também tem dificuldades com os freios e a confiabilidade ainda é uma grande dúvida. Era para os três carros terem debutado na primeira corrida do Mundial de Endurance, mas eles só serão vistos no grid neste sábado.
 
De todo modo, os japoneses não estão dispostos a deixar isso estragar a estreia na classe principal. Estão sendo mais do que carismáticos nas redes sociais e deixando as portas abertas para os fãs e a mídia – se o retorno não virá no desempenho, que venha no RP.
A KCMG está rapidíssima na LMP2 (Foto: Divulgação)
A P2
 
A P2, talvez com os carros da Nissan no meio, tem despontando com um ligeiro favoritismo a KCMG com o Oreca-Judd. Nicolas Lapierre foi rapidíssimo tanto no treino livre quanto nas classificações, garantindo a pole. 
 
Mas, no fundo, há várias equipes em nível semelhante na categoria para brigar pela vitória. A Ligier espera se mostrar mais forte neste ano, e Sam Bird, que conseguiu encaixar duas voltas limpas na última sessão classificatória, colocou a G-Drive na segunda colocação.
 
O outro carro da G-Drive é o do brasileiro Pipo Derani, que larga na nona posição. O piloto, entretanto, relatou que não conseguiu encaixar voltas limpas na tomada de tempos e está muito confiante na confiabilidade do protótipo.
 
A Gibson também dá indícios de que pode se sair bem: a Greaves e a Jota Sport ficaram em terceiro quarto lugar na classificação. A Jota, com o #38, defende a vitória conquistada em Le Mans no ano passado.
O Aston Martin #99, do brasileiro Fernando Rees, conquistou a pole da GTE Pro. A marca inglesa está forte (Foto: Instagram/Fernando Rees)
Na GTE Pro…
 
A Aston Martin parece, neste ano, ter aliado velocidade a ritmo de corrida. Em 2013 e em 2014, a marca inglesa apareceu bem na briga pela vitória, mas não conseguiu levar para casa. Com o #99 na pole e o #97 na terceira posição, o time pode ficar otimista.
 
A concorrência mais forte deve vir da Ferrari, com as F458 #51 e #71 da AF Corse, que sempre são rapidíssimas. Paul Dalla Lana, Pedro Lamy e Mathias Lauda também estão rápidos no #98 da classe GTE Am.
 
Para o brasileiro Fernando Rees, fica a chance de uma estreia memorável em Sarthe. Ele anda já há algum tempo no endurance, mas nunca teve vontade de andar em Le Mans na GTE Am – a categoria mais lenta. No ano passado, quando subiu para a GTE Pro, correria, porém o forte acidente nos treinos o tirou da disputa. Agora ele enfim debutará na prova mais importante da modalidade.

Pena que a categoria tenha sofrido uma baixa: o Corvette #63 de Jan Magnussen, Antonio García e Jordan Taylor não andará. Depois do acidente do dinamarquês nesta quinta, foi preciso retirar o carro. Assim o trio perde a chance de vencer, no mesmo ano, a tríplice coroa do endurance: eles ganharam, em janeiro, as 24 Horas de Daytona e, em março, as 12 Horas de Sebring.

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