Novo titular da Audi, Di Grassi se prepara para “uma das temporadas mais importantes da carreira” e mira título

Antes do início do campeonato de 2014 do Mundial de Endurance, Lucas Di Grassi não tem dúvidas. “É uma das temporadas mais importantes da minha carreira”, diz. Depois de quatro excelentes apresentações pela Audi, o piloto ganhou a oportunidade de disputar, neste ano, as oito etapas do WEC a bordo do R18 e-tron quattro que carrega o número 1. Ao lado de Tom Kristensen e Loïc Duval, ele terá a missão de manter a Audi como a grande força das corridas de longa duração e também tentará ser o primeiro brasileiro campeão mundial no automobilismo desde Ayrton Senna em 1991. No endurance, tentará ser o segundo brasileiro campeão, juntando-se a Raul Boesel, e buscará mais uma vez a primeira vitória do país nas 24 Horas de Le Mans.

A relação de Di Grassi com a Audi teve início em 2012, após a aposentadoria de Rinaldo Capello nas 24h de Le Mans daquele ano. Para o restante da temporada, a Audi teria apenas Kristensen e Allan McNish em um de seus carros. Entretanto, para a primeira edição das 6 Horas de São Paulo, com a intermediação da organização do evento, Lucas foi convidado para completar o trio.

Naquele fim de semana, Di Grassi andou melhor que os titulares Kristensen e McNish e deixou uma ótima impressão dentro da Audi. Em dezembro, foi anunciado como novo membro do programa de endurance da montadora, tendo disputado três provas em 2013: as 12 Horas de Sebring, as 6 Horas de Spa e as 24 Horas de Le Mans. Foi ao pódio em todas elas.

Os companheiros de equipe também não pouparam elogios. “Fico surpreso por ouvir que nenhum brasileiro tenha vencido em Le Mans, mas isso é algo que seria legal. Eu certamente pensaria nisso junto com a Audi e talvez possamos ajudar no futuro, visto que um de seus garotos foi muito bem neste fim de semana”, afirmou Kristensen ao GRANDE PRÊMIO nas 6 Horas de São Paulo de 2012. “Ele tem a velocidade e se encaixa no perfil da Audi”, declarou Capello ao GP nas 12 Horas de Sebring de 2013.

A chance de virar titular e participar de todo o campeonato pintou com a decisão de McNish se aposentar no fim do ano passado, logo após a conquista do título do WEC. Di Grassi falou em entrevista ao GP que ficou surpreso, mas honrado com a escolha da montadora de Ingolstadt.

“A decisão do McNish foi muito tarde. Foi quase no final do ano que ele decidiu que não ia fazer o WEC. E foi de um dia para o outro que eles falaram ‘Lucas, a gente acha que você está preparado para disputar o WEC e entrar no lugar do McNish’. Fiquei muito surpreso, mas muito honrado com essa decisão. Muito feliz também. Crédito pelo esforço que fiz no ano passado nessas três etapas, por ter feito a melhor volta de todos os carros na classificação em Spa e andado bem em Le Mans”, contou.

O primeiro desafio de Di Grassi como titular da Audi é neste fim de semana, na Inglaterra, onde acontecem as 6 Horas de Silverstone.

Confira a entrevista do GRANDE PRÊMIO com o piloto:

Di Grassi ocupa o lugar que McNish deixou vago na Audi (Foto: Di Grassi/Facebook)

GRANDE PRÊMIO: Neste ano, você vai disputar toda a temporada pela melhor equipe e vai ter a chance de colocar um título mundial no currículo. Como que começa essa temporada para você?

Lucas Di Grassi: “É uma das temporadas mais importantes da minha carreira. Estar no carro número 1 e disputar o Campeonato Mundial, saber que meus companheiros conseguiram chegar como campeões no ano passado, isso me motiva muito. Tenho muito a aprender ainda, mas, com a experiência do ano passado, deu para dar uma evoluída.

GP: A responsabilidade sobre você é maior agora?

LDG: Sem dúvida. Quando você tem mais coisa a perder, a responsabilidade é maior. Mas você tem mais coisa a ganhar. Tenho que fazer um bom campeonato, dentro do que a Audi espera de mim como piloto para substituir o McNish, que é uma tarefa muito difícil. Ele foi um dos maiores pilotos de protótipos da história. Vai ser um ano muito difícil e tem mais a F-E, que começa no segundo semestre, que ajuda a complicar ainda mais o ano.

GP: Como é a relação com os novos companheiros de carro?

LDG: Eu já tinha corrido com o Kristensen e conheço o Duval da época do Renault Driver Development. Na corrida de Macau que eu venci, quem estava largando na pole era o Duval. A gente fazia parte da Renault, então eu o conheço há muito tempo. É tranquilo.

GP: Como que é o automobilismo do ponto de vista de não ser ‘egoísta’? Você sempre dirigiu para você mesmo e agora tem que dividir o carro.

LDG: Tem essa questão de não poder acertar o carro para você. Mesmo o banco: cada um tem o seu, mas tem um meio termo com o volante. Começa nisso, até estratégia de corrida, quem vai usar o pneu novo, não vai usar. Demora um pouquinho, mas você vai se acostumando e, no final das contas, quando sentar no carro, tem que fazer o melhor trabalho possível. Hoje em dia tem muito auxílio eletrônico também, como freio, ajustar o controle de tração para o jeito que você gosta de guiar, tem muito acerto que é feito dentro do próprio carro.

GP: E quando você está pilotando, pensa que se você errar estará prejudicando seus companheiros?

LDG: Não. Não por que na F1, se você errar, tem 200 pessoas atrás, e no Mundial de Endurance tem a fábrica inteira da Audi. O que menos você vai escutar é dos outros dois pilotos. Se você fizer um erro grosseiro, a tendência é escutar dos chefes. Dos pilotos, ainda não vi nenhum problema.

GP: É uma corrida mais de carro do que de piloto?

LDG: É mais de carro e equipe do que de piloto. Mas isso está no espírito das corridas de longa duração. Mas dentro da Audi, e no mundo inteiro, o pessoal dá muito mérito. Por exemplo, a ‘Autosport’ elegeu o Lotterer como sexto melhor piloto do ano, na frente de muito piloto de F1 e mesmo pilotando com outros dois pilotos, e não elegeu os outros dois nem no top-50. Para o pessoal que acompanha, tem esse reconhecimento.

Oferecimento: