De Steve McQueen a Alonso: como as 24 Horas de Le Mans ganharam o mundo e por que fazem parte da Tríplice Coroa

As 24 Horas de Le Mans largam neste sábado (16) para a edição de 86ª de sua rica história no automobilismo mundial. A mais importante corrida do endurance é dona de uma trajetória de dramas, glórias e charme. E encanta gerações de fãs e pilotos. Já foi filme e, neste ano, tem alguns dos nomes mais emblemáticos do esporte a motor

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Poucas corridas no mundo exercem um fascínio tão grande no fã apaixonado por automobilismo quanto as 24 Horas de Le Mans. Graças a três personagens – Charles Durand, Georges Faroux e Emile Coquile, este último jornalista, a magia da maior corrida longa do planeta jamais seria cultuada ao longo de todos estes anos.

 
A ideia da prova surgiu nos anos 1920. Insatisfeitos com a resistência dos automóveis de passeio naqueles tempos, os três propuseram uma maratona de um dia inteiro num circuito especialmente concebido para a corrida, para provar que os veículos tinham capacidade para rodar 24 horas ininterruptas. Nascia o conceito de Endurance (Resistência em francês) e também a história da prova começava.
 
Na primeira edição, André Lagache e René Leonard enfrentaram vento e chuva no traçado inaugural de 17,262 km para derrotar outras 32 duplas.  Foram 128 voltas e 2202 km percorridos pelos primeiros – de muitos – heróis que as 24h de Le Mans conheceriam em 95 anos de existência.
 
E o primeiro grande nome de Sarthe foi Woolf Barnato. Artilheiro da Real Força Aérea Britânica na I Guerra Mundial, sabia mexer em armas e em finanças. “Babe” foi convincente o bastante para levar a Bentley para a prova e se tornar o “Bentley Boy” pioneiro, com três vitórias em três participações.

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Tazio Nuvolari fez história na famosa corrida francesa (Foto: Reprodução)
Em 1933, Tazio Nuvolari ganharia a prova em dupla com Raymond Sommer numa Alfa Romeo, à média recorde de 133 km/h. A partir daí a maratona aumentaria exponencialmente em voltas e quilometragem. Com carros mais velozes, aumentavam os riscos em medida igual à evolução da corrida.
 
Uma greve cancelou a realização do evento em 1936 e a II Guerra Mundial, que devastaria a França, obrigou os organizadores a cancelar a disputa entre 1940 e 1948. Cessado o confronto entre Aliados e Eixo, as 24h de Le Mans voltaram com força total e conheceram mais um herói: Louis Rosier, que venceu em 1950 com o filho Jean-Louis, praticamente guiando sozinho. 
 

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Na época, um mínimo de duas voltas percorridas bastava para se ter classificação. Jean-Louis não era rápido como o pai e fez o suficiente para que ele e Louis não fossem desclassificados. Guiando um Talbot-Lago de Fórmula 1 travestido de Carro Esporte com o uso de paralamas nas rodas, Louis fez a corrida de sua vida.
 
Mas nem tudo foram flores: a edição de 1955 seria a mais trágica de todas, vitimando 83 espectadores e o piloto Pierre Levegh, num acidente entre o francês e o britânico Lance Macklin, em plena reta dos boxes. O acidente provocou inclusive o banimento do automobilismo na vizinha Suíça, que pôs fim à proibição depois de mais de seis décadas.
 
Apesar da dor, as 24h de Le Mans cumpriam brilhantemente o seu papel de laboratório da indústria automobilística e desenvolvimento de carros que entraram para a história. Os Jaguar C-Type e D-Type introduziram o conceito de freio a disco em parceria com o fabricante Girling. Hoje é impossível pensar em carros de alto desempenho sem esse tipo de peça. Em 1958, a Ferrari chegou à sua primeira vitória e consagrou mais um herói: Olivier Gendebien.
 
Esse belga, nascido em 1924 e falecido em 1998, há quase vinte anos, seria a referência em termos de recordes. Ganhou quatro vezes a disputa nos anos 1950/60, um feito que seria igualado em 1977 e superado somente em 1981.
 
Entrementes, o domínio da Ferrari não duraria muito. Henry Ford II ordenou, de Detroit, que a Ford passasse o trator na marca de Maranello, após uma negociação – que obviamente não deu certo – entre Enzo Ferrari e a companhia ianque, que se apresentou ao Comendador com o objetivo de assumir o departamento de competição do fabricante italiano.
 
Como os negociantes de Henry Ford II ouviram uma saraivada de impropérios, a ordem foi cumprida à risca. Com gente do naipe de Carroll Shelby participando da empreitada, o modelo Mark II, depois conhecido como GT40, ganhou também a alcunha de “Matador de Ferraris”. Na prova de 1967, uma das quatro ganhas pelo carro estadunidense, Dan Gurney e A.J. Foyt superaram a barreira dos 5 mil km percorridos. E pela primeira vez na história do esporte, comemorou-se com champagne.
Steve McQueen estrelou o célebre filme que tinha Le Mans como protagonista (Foto: Reprodução)

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Pouco depois disto, Le Mans viraria filme. Dirigida por Lee H. Katzin e protagonizada por Steve McQueen, que era entusiasta do esporte e fora vice-campeão junto a Peter Revson nas 12h de Sebring em 1970, a película tornou-se cult entre os fãs da velocidade, que viram nesse meio tempo as primeiras vitórias de outro ícone de Le Mans: a Porsche.

 
Após a derrota para a Ford na última volta, nasceu o lendário protótipo 917, que passaria o carro na concorrência em 1970 e 1971 e que teria vida curta por força da mudança de regulamento. Foi de colher para a Matra, que consagraria Graham Hill – campeão das 500 Milhas de Indianápolis em 1966 e já cinco vezes vitorioso no GP de Mônaco de Fórmula 1 – o primeiro e, até hoje, único Tríplice Coroado da história do esporte a motor.
 
Com exceção aos triunfos do protótipo Gulf-Mirage em 1975, do Alpine-Renault três anos depois e do Rondeau – o último independente a se consagrar em Sarthe – começava aí um longo período de domínio dos modelos Porsche. Foi aí que surgiu Jacky Ickx na esteira do compatriota Gendebien para igualar e depois superar seu recorde.
 
Como vimos pela histórica vitória do protótipo Rondeau em 1980, vez ou outra Le Mans nos traz surpresas, como o inesperado triunfo da Mazda em 1991 e a vitória do Dauer-Porsche em 1994, aproveitando uma brecha de regulamento. A prova também passou por momentos de baixa, com o fim do World SportsCar Championship: a edição de 1992 contou com apenas 28 carros, o menor plantel da história.
 
Mas Le Mans, tal como Fênix, renasceu das cinzas, sobreviveu, cresceu – a ponto do grid chegar a 60 carros na atualidade – e revelou um nome ainda maior que o de Jacky Ickx: o dinamarquês Tom Kristensen é considerado um dos grandes pilotos que jamais tiveram chegaram à Fórmula 1. De 1997 a 2013, guiando para três construtores diferentes no período – TWR-Porsche, Audi e Bentley – ele triunfou nada menos que nove vezes. Recorde hoje muito difícil de ser batido.
Fernando Alonso colocou na cabeça que quer a Tríplice Coroa (Foto: Fernando Alonso/Twitter)
Hoje não há dúvidas da importância das 24h de Le Mans para o esporte. A prova faz parte desde 2012 do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC) e é considerada a mais importante do calendário – tal como as 500 Milhas de Indianápolis estão para a Fórmula Indy. É por todo esse fascínio e magia que cada vez mais pilotos consagrados noutras categorias vêm buscar a glória em Sarthe.
 
Juan Pablo Montoya, Jenson Button e, principalmente, Fernando Alonso, que o digam… 
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